segunda-feira, 26 de abril de 2010

Prédio verde, obra que gera economia - Por Janine Souza

Eko Residence: hotel em Porto Alegre tem fachada com plantas que recebem água da chuva por gotejamento, lixeiras de coleta seletiva e turbina eólica
Crédito: FABIANO DO AMARAL


          Eles estão ganhando força no mundo, mas, no Brasil, ainda aparecem de forma tímida. Os prédios verdes (green building), projetados para usar recursos naturais de forma eficiente e com qualidade, ganham adeptos no mercado da construção civil, que veem uma oportunidade de economia de gastos, além de conferir imagem sustentável ao empreendimento. Em todo o mundo são 3.316 edifícios comerciais e 2.661 residenciais com certificados Green Building no modelo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). No Brasil, são 13 edifícios com o conceito e 140 em processo de avaliação, um salto em relação a 2006, quando havia apenas um prédio certificado.
          A operação de edifícios no Brasil é responsável por aproximadamente 18% do consumo total de energia do país e por cerca de 50% do consumo de energia elétrica. O setor é responsável pela extração de 75% dos recursos naturais e pela geração de 80 milhões de toneladas/ano de resíduos. Segundo o United States Green Building Council (USGBC), os prédios verdes podem conferir economia de até 40% no consumo de água potável e de até 48% em energia. Ainda, 30% do material empregado na obra é de origem reciclada e até 95% de madeira certificada.
          ''A construção sustentável se tornou um movimento sem volta. Não é uma moda passageira, dado o crescimento exponencial nos últimos anos e das pesquisas sobre o tema'', afirma o diretor da Unidade de Sustentabilidade do Centro de Tecnologia e Edificações (CTE), Anderson Benite. O CTE desenvolve metodologias e tecnologias para a melhoria da gestão das empresas do setor da construção civil e presta consultoria há 20 anos.
          Para o professor da Escola de Engenharia da Ufrgs, Miguel Sattler, o conceito de green building ainda está em construção. ''Começamos a nos preocupar com os prédios de menor impacto ambiental há 15 anos. Até então, a preocupação era com relação à eficiência energética'', aponta Sattler, que coordena o curso de pós-graduação em Engenharia Civil da universidade. ''Com o tempo, vieram as concepções de edifícios saudáveis, uso de energias limpas, de geração de emprego e renda, de materiais mais verdes'', ressalta.
          Mas o que caracteriza um prédio verde? Benite responde que, entre outras medidas, estão aproveitamento de água pluvial, tratamento de esgoto, aquecimento solar e gestão de resíduos. O conceito de sustentabilidade também começa a invadir casas. Coleta seletiva do lixo, deixar de lavar a calçada com mangueira, fechar a torneira na hora de escovar os dentes, armazenar adequadamente o óleo de cozinha são dicas para manter a moda da ''onda verde''.